sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Panapanã

Por tantos anos perdida
E o único rastro do que eu fui são palavras
Ensimesmei mesmo.

Criei um casulo, mas nem asa eu tenho
É difícil sair, bem difícil

Vem cá me tirar? Vem!

Me puxa pra fora, por favor.

Me sufoco em mim.
Me sufoco dentro de mim.
Pressiono para evoluir...
e
...nada sai.



Incólume

Escrever coisas jogadas na rede e no tempo
Na rede do tempo.
P'ra ninguém ler.
Incluindo que nem eu lerei.

Possivelmente esperando que seja encontrado.
Como quando vasculham ruínas
atrás de ossos de dinossauros.

- Queria realmente ver um dinossauro -
Inclusive.

Seria sensato mostrar para as pessoas?
Creio que não.
Quero que seja o mais próximo do obscuro de mim.

- Obscuro de mim -
Gostei.

Me senti digamos:
Solta e livre num universo oculto.

Eu amo meus devaneios.
E acredito que só eu irei amar.

Bilhetinho

Um dia, não muito distante, isso tudo vai acabar. As redes sociais, os namoros, os casamentos, os empregos, os cursos. Eu e você. E nada vai importar, nem se nos conhecemos, se nos odiamos ou se ganhamos na loteria. O mundo vai continuar do mesmo jeito e no mesmo sentido.

domingo, 16 de novembro de 2014

Clichêzinho

Queria parar de sentir coisas que doem fundo
Mas quando me entendi gente
Um "trem" veio de dentro de mim
Uma fixação estranha, sei lá

E para onde meu olhar ia
Era lá
Tinha nome, endereço de gente
Mas gente nunca foi

Quando a coisa toda começa
Dentro da gente
É mais la dentro mesmo que fora

Sério,
Eu pensei. E agora?
E agora? E agora? E agora?

Escreva algo bonito:
Que rime.
Que legal!
Só que não sou eu
Não sou eu, não

Não.

Já não tem mais o que ser feito
O ser está ali
Nós
E eu explodo por dentro.



Linha do tempo

Marcados pelo desencontro
No submundo iludido
E luzes em desuso
Cores destoantes
Memórias perdidas sem fim

Queria eu poder viver ainda mais
mais ainda não sei viver direito
Como posso querer algo que nem conheço?

Exato.

Assintomático é quando não caem lágrimas
De vez em quando cai uma ou outra perdida
Mas quando vem nem avisa

Olhando pro teto,
Distraindo somente.
Escondendo de quem?
Tem alguém aí?
Nesse instante?

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Círculos

Estamos a pensar que se corre
e o nosso poder de percepção se afeta
As experiências destroem
todo nosso conceito de vida

E nós nos perdemos tão fácil
Nessa linha de ida direta
E nos distraímos querendo que volte
Aquilo que um dia foi, mas já era

No processo evolutivo de tudo
As respostas não são a sequência
O que realmente faz a diferença
É aquilo que te destrói
É o que se experimenta

Experimenta!

E queremos o que não temos
E temos o que não precisamos
E sabemos que nada é nosso mesmo