segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sobre o amor

Essa é a história do Ian e do Carlos. O Ian que era um rapaz que tinha acabado de completar seu ciclo e o Carlos que estava apenas se descobrindo. Eu conheci o Ian muito tempo atrás, ele ainda não tinha descoberto nada do que estava para acontecer na sua vida.  Seu nome ainda era outro.
Ele ainda não tinha descoberto se gostava de homens ou de mulheres quando o conheci, na realidade, nem pensávamos em nada disso, éramos crianças ainda. Nossos jogos preferidos eram: queimada, varetas, damas e polícia e ladrão. Crescemos juntos: mesma rua, mesmos amigos, mesma escola. O Ian foi para uma faculdade no interior e eu fiquei por aqui mesmo. Eu fazia faculdade particular, era bastante caro, mas eu consegui um desconto e dava para trabalhar e pagar tranquilamente. Ficava o dia todo fora. Terminei o curso, foi muito tranquilo. O Ian também se formou e retornou para a casa dos pais, foi aí que nos reencontramos.
Ele já estava completamente diferente, roupas, cabelo, barba. Ainda faltavam alguns detalhes para sua transição, porém já era um homem formado. Fiquei com inveja, não mudei e nem evoluí nada, achei meio estranho e até me envergonho disso hoje em dia. Fui até a casa dele, para saber as novidades, como tinha sido lá no interior e enfim matar as saudades.
Ele me atende, bastante feliz com a minha presença. Fomos conversando sobre todas as conquistas dele, como foi o curso, quem ele conheceu durante a estadia em outra cidade, detalhes que eu desconhecia por que havíamos nos afastado e perdido o contato. E chegou o assunto final: amor.
Na adolescência eu e o Ian estávamos descobrindo muitas coisas, acabamos nos envolvendo por um curto período de tempo. Eu hoje me assumi lésbica, minha família não aceitou no início, tiveram muitas brigas, inclusive com o Ian também. Mas hoje, felizmente, aceitam. Mas acontece que o Ian foi para um caminho diferente, durante o período que estava na faculdade, conheceu outros garotos, se interessou, ficou confuso e acabou se relacionando com alguns deles e entre eles o Carlos.
Carlos cursava direito. Toda a sua família era de advogados, juízes, promotores e queriam que ele seguisse o mesmo caminho. Bastante tradicionalistas e rígidos demais. Mas Carlos não, ele nunca se importou com nada disso. Gostava de ir para as festas da faculdade, fazia amizades com todos, era um dos mais populares e um dos mais divertidos. Não tinha ninguém que não queria ir numa festa que ele ajudava a organizar. As festas do Carlos eram as melhores. Eu mesma já tinha ido a uma dessas festas antes de conhecer essa história dos dois.
Ian conheceu o Carlos numa noitada dessas. Beberam, riram juntos e se tornaram melhores amigos. Iam para os bares da cidade, eles enchiam a cara e falavam de esportes, faculdade, política e até universos paralelos entravam nessas noites enlouquecidas.
Um dia Carlos confessou a Ian que estava apaixonado por ele e que estava bastante confuso com toda aquela situação, nunca tinha pensado sobre ficar com outro rapaz, sabia que a sua família seria completamente contra e derrubou sobre o Ian um precipício de sentimentos. O Ian também estava apaixonado, confessou e por fim se beijaram.
Ano passado o Ian fez a cirurgia que ele tanto queria. Agora não precisava mais se preocupar em ficar sem camisa por aí. Estava livre do corpo que não era para ele.
Mês passado foi o casamento dos dois e foi perfeito. Ambos casaram de terno e na Igreja Católica. O Padre brigou por esse casamento e disse exatamente: “Não existe lei nenhuma que impeça as pessoas de casarem com o mesmo traje.” Do lado de fora da Igreja protestos efusivos, lá dentro era pura luz e amor. A música foi maravilhosa, a festa também.

Eu me tornei uma grande amiga dos dois, saímos juntos, viajamos, organizamos eventos e nos divertimos demais. Eu também casei, só que com uma moça e moramos juntas também. Hoje estamos na maternidade esperando o bebê chegar. O Ian está na sala de parto e o Carlos está com ele para dar forças. Esse bebê terá pais que se amam muito e é lindo.

Coração disparado

Você veio aqui vampira
Sugar minha energia
Roubar a minha paz

Meus olhos brilhavam
Ofuscaram de desejo
E você parecia tão honesta

E os beijos?
Apaixonados beijos
Que eu não conseguia parar
Não sei se corto da memória
Se penso em outras coisas
Sei lá

Saia da minha vida
Se não quer ficar nela pra sempre
Porque é sufocante e doente
As memórias que eu tenho de nós
Quando você partiu
E agora de quando voltou

Sem querer

Mais um poema é seu
Amor meu
Coisas que eu queria te dizer
Atitudes que eu não pude ter
Emoções que eu guardei

Esse outro poema que é seu
É esse mesmo que você lê
Desde o início pra você
Desde quando eu te mostrei

E realmente você sabe
Chega a ser óbvio na verdade
Sou sua sem você querer

Fico te olhando de longe todo o tempo
Os registros dos momentos
Cada dia que se passou

Me comprometi com o primeiro olhar
Quando você chegou
Me comprometi sem pensar
Sem eu querer, sem você sonhar

E fico calada na vida
Pensando que não vale nada
Atrapalhar seus momentos
Pela minha paixão boba

Fico aqui como quem te guarda
Se me quisesse bastava
Apenas uma palavra
Ou uma frase solta, do nada
Vem aqui, ficar do meu lado.

Fotos

Essa sua felicidade publicada,
É de verdade ou é só fachada?
Quem você acompanha realmente te agrada?
E esses lugares todos?
Foi bom todo o tempo?
Se lembra se não passou raiva?
E as únicas coisas registradas
São sorrisos em frente a lugares mortos
E fico olhando tudo aquilo
Que você pensa que ninguém nota
A sua alegria falsa
As suas ideias tolas
De colocar frases de efeito
De autores que já se foram
Junto com sorrisos tristes
Maquiados de emoções mentirosas

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Incondicional

E eu queria te falar
Que não era amor
Meu amor
Foi só dor
Só rancor

Esse tempo todo
Nada de bom
Ficou

Eu tentei,
Você tentou

E se te interessa
Iludir
É por sua conta
Sem condição
Eu ainda estou em pedaços
Por algo que nem durou

E venha limpa de tudo
De sensações e imposição
Não dá pra viver assim
Quando não se sente nada
Quando se está machucada
Só vai destruir
Quem você disse que um dia
Uma vez, amava.

Se vier (Com jeitinho)

Se me der
Chocolate e cafuné
Pede o que você quer
E eu faço tudo que puder
Se vier
De manhã bem cedinho
Com água de coco e
Um pão quentinho
E se pede com carinho
Eu faço tudo com jeitinho
Se amar
É assim, dessa maneira
Se me dá afeto
E atende o que eu preciso
Retribuo e enfatizo
Que me doarei a vida inteira
Se quiser

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Simpatia (A falsidade)

Eu não achava que encontraria
Alguém que um dia
Mereceria a minha simpatia
Vivia com agonia
Pois não sabia
Que alguém assim existia

E o meu sentimento era
De imensa alegria
Nada mais abalaria
Eu não sofreria
E eu acreditaria
Que amor não era mentira
Que minha história mudaria

Porém, mais uma vez eu me iludia
De tristeza eu me esconderia
Na depressão dos meus dias
Eu me isolaria

E fiquei assim reprimida
Evitei qualquer mão amiga
Porque a falsidade era cheia
De maldades escondidas


domingo, 14 de fevereiro de 2016

A análise

Será que Freud explica
Meu coração partido
Ou será que ele diria
Que é sexo mal resolvido?

De onde vem a angústia
De querer alguém comigo?
De onde vem a carência
Que some com minha libido

Será que é saudade?
Será que é solidão?
Será que é verdade
Que sem amor é só ilusão?

Existe saída do fundo do poço
Das memórias perdidas
Da vontade de nada
Da razão esquecida
Da vontade de algo
Que nunca se viu na vida?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Aquela menina

Você está tão mulher, moça
Mas eu também era menina
Te enxergo do mesmo jeito
Ai que clima, ai que sina

E fico calada de longe
Observando cada momento seu
Te vi crescer e cresci atrapalhada no meio tempo
Te vi feliz, te vi sofrer

E nunca continua sendo aquela palavra forte
Que você me disse no dia de chuva

Menina, eu nem vi as nuvens
Menina, parece que foi ontem

Que éramos meninas
Que éramos moças
Que me perdi nos seus olhos
E que invadiu os meus sonhos

Menina, te vejo crescer
Mulher que se formou
Olho o nosso passado que eu criei
E que em nada se tornou