segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Versinho cotidiano do amor

Por alguém que me abrace dormindo
E que acorde sorrindo
Na manhã de segunda-feira

Reflexo

Estamos atadas no tempo
Na memória de anos a fio
Sinto que te deixo lentamente
Dentro do mais profundo de mim

Você não tem nome
São várias
Em milhares que já conheci
Eu te mudava de endereço
Trocava a cor do seu cabelo
Da sua pele, 
Trocava seu cheiro
Eu te mudava por inteiro
Mas era você em todas elas

Minha vida foi te modelar
Para se aplicar ao sentimento meu
Foi quando percebi que havia
Erros e mentiras em tudo isso
E tudo já tinha morrido
E tudo era ilusão 

O sentimento amadurecido
Era deixar de criar em você
Alguém que você nunca foi
E amar em alguém o que existe
Sem tentar mudar nada de novo

A solução não foi te apagar
Foi apenas saber que não dá
Para amar alguém no reflexo
Apenas do que eu criei


Destino

Quando é especial
Mas eu sei que é finito
Eu peço para mim mesma
Que seja eterno enquanto dure

Os dias irão passar
E as memórias não findarão
Certa de que você ainda exista
Em algum lugar, com outro abraço
Em um espaço que não é mais meu

Quando a lembrança bate direto
Naquele rosto angelical
Durante o dia sonhando acordada
Relatando cada momento vivido
Como se fossem os dias atuais

Te quero
Te espero
Em segredo
Ninguém saberá de mim
Não nas palavras diretas
Mas escondidos nas letras
Desses poemas sem fim

Todos sobre você
E como a vida é ruim
Desde quando não te tenho mais nela
Desde quando não te olho nos olhos
Desde quando não te tenho aqui

Nessa noite fria eu recordo
De estar ao seu lado na cama
Sabendo que não seria para sempre
E chorava baixinho pedindo
Que preferia perder sua presença 
Se fosse existir um final
Porque ter que te deixar pela morte
Era doloroso e cruel

Mas se estamos fadados na vida
A morrer de qualquer jeito enfim
Fui boba, inocente, imatura
De achar que estaria 
Te salvando do destino real

E um dia terei que aceitar
Que abri mão de nós
Por um acontecimento
Que eu jamais poderia impedir

O final

Eu lembro 
Quando foi o ultimo abraço
O ultimo pedaço
Do tempo
Daquela metade de algo
Que não era nada ainda
Mas já existia pra mim

E lembro 
Quando eu te chamei
Você com seus amigos
E eu amargurada
Ia me despedindo
Da vida inteira
Que ficaríamos longe uma da outra

Cresci te olhando todos os dias
E agora minha memória fica 
Passeando nas lembranças de um desejo infantil

Queria ser sua amiga
Sua primeira menina
Queria que fosse minha
Queria 

Hoje nesse passar dos dias,
meses e anos seguintes
Olho nosso momento
Quando fecho os olhos e recordo
Quanta dor eu vivi

Era a morte do que não foi realizado
A distância do ser amado
O fim do que nunca foi

E até hoje um desejo calado
De te dizer que estava tudo errado
Não era um abraço que eu queria ter dado
Era um beijo
mesmo sendo
Um beijo de dor

Rodoviária

Fico olhando suas fotos antigas
E as nossas fotos apagadas na saída
Naquela tarde de maneira indevida
O medo da solidão e a despedida

 Adeus, amor, adeus

E eu que já sei que é tarde
Que fiquei triste por não ser real
Fico namorando a ilusão
Daquele passado que não existe no futuro mais

E enquanto vejo essa moça que chora
Me vejo nela quando nós fomos embora
Aquele dia na rodoviária
Era apenas o fim de nós duas