Eu não sei que idade eu tenho, mas minha pele tem trinta anos. Meus ossos, meus órgãos e músculos também tem essa idade.
Eu não. Tem dias que eu posso jurar ter quase oitenta pela disposição de sair, ou melhor dizendo, pela falta de disposição mesmo.
Mas minha pele está aqui, contando para mim as horas que se passaram. Ainda sou jovem, ainda estou viva. Temos trinta anos somente.
No entanto, tem dias que me sinto tão curiosa e despreparada pra vida, que se me perguntarem vou dizer que tenho apenas cinco e absolutamente cinco de idade mental, mas minha pele vai gritar comigo: "Temos trinta, sua velha." E eu vou cair numa tristeza absurda por acreditar que não posso cometer tantos erros como quando eu tinha cinco.
E minha idade chega variando em até quinhentos anos mais velha, mas minha pele fica ali o tempo todo retrucando meu tempo.
Minha pele mente.
Tenho a idade que eu bem entender. Se eu fechar os olhos, nem ouvirei minha pele me condenando. Claro que os órgãos me atentam as vezes, mas nada é tão chato igual o maior deles. Maior órgão e mais reclamão!
Pois digo a você, pele de trinta anos, que mesmo quando você tiver cem anos, vou ter dezoito se eu quiser.